Fernando Lopes-Graça foi um dos mais notáveis compositores e musicólogos contemporâneos. Nasceu a 17 de Dezembro de 1906, em Tomar. Estudou em Coimbra, no Conservatório Nacional.
Fernando Lopes-Graça dedicou toda uma vida à recolha de temas tradicionais. Juntamente com Michel Giacometti, fez uma recolha sobre os ritmos e cantares do povo português que é considerada como uma das mais importantes para os estudos etnográficos.
As Canções Heróicas/Canções Regionais Portuguesas foram compostas musicalmente por Fernando Lopes-Graça e cantadas pelo Coro da Academia de Amadores de Música com Olga Prats ao piano.
São canções politicamente empenhadas que contribuíram para exaltar a liberdade e dar força a todos aqueles que lutavam contra o antigo regime. A primeira versão foi publicada, em 1946, sob o título de «Marchas, Danças e Canções – próprias para grupos vocais ou instrumentos populares». Foi apreendida pela Censura o que impediu que os poemas fossem ouvidos e cantados em espectáculos ou sessões públicas, como até então. Contudo, muitos resistentes continuaram a cantar as canções nos encontros clandestinos ou nos países onde se encontravam exilados. Em 1960, surge uma colecção, mais alargada, com o nome de «Canções Heróicas, Dramáticas, Bucólicas e Outras». A nova edição destinava-se a celebrar o 50º aniversário da implantação da República e foi divulgada com grandes precauções, num meio muito restrito de pessoas. Finalmente, a versão final ficou conhecida por «Canções Heróicas».
Livre
Solo
Não há machado que corte
a raiz ao pensamento
Coro
não há morte para o vento
não há morte.
Solo
Se ao morrer o coração
morresse a luz que lhe é querida,
Coro
sem razão seria a vida,
sem razão.
Solo
Nada apaga a luz que vive
num amor, num pensamento,
Coro
porque é livre como o vento,
porque é livre.
Carlos de Oliveira, As Canções Heróicas
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