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segunda-feira, abril 19

O 25 de Abril na 1ª Pessoa # [1]


"No dia 25 de Abril de 1974 eu e a minha irmã mais nova não fomos às aulas. O pai, que saíra cedo, regressou para avisar a mãe que era melhor ficarmos por casa. Perplexas com esta orientação do pai, aproximámo-nos, ainda em pijama, para compreender. O pai estava contente porque finalmente o governo ia mudar. Golpe de Estado. Tropas na rua. Não compreendemos a animação do pai quando vimos a expressão de medo da mãe. Sabe-se lá o que vem aí, homem, se calhar ainda são piores!
 
Colámo-nos à rádio e à tv, a irmã mais velha, que já frequentava a universidade, chegou com as novidades frescas. E como era a irmã mais velha, fonte de sabedoria, nós confiámos. De repente fazia-se luz no breu em que vivêramos. A guerra colonial era injusta, aqueles a quem nos ensinaram a chamar terroristas eram heróis a lutar pela independência da terra em que nasceram, os presos políticos não eram gente malévola de quem nos devíamos afastar, eram pessoas que lutavam pela liberdade de todos hipotecando a sua própria. As mulheres afinal podiam emancipar-se dos homens e tomar as suas próprias decisões, ao contrário do que sempre me fora ensinado e me deixava tão infeliz.

A sensação de libertação pode experimentar-se mesmo sem ter tido consciência da opressão. Sensação semelhante a respirar na serra de Sintra depois de se ter estado a respirar o fumo tóxico de um tubo de escape durante anos. E, como sabemos, podemos viver assim sem ter consciência de que poderia ser diferente.

48 anos de censura e opressão foram uma eternidade!
 
Ao 25 de Abril devo quase tudo o que de empolgante vivi e vivo.
 
A liberdade de expressão e pensamento são indispensáveis para o nosso crescimento enquanto Pessoas. Eu tinha 15 anos quando aprendi. Lição que gosto de recordar todos os dias da minha vida."

São Morais,
Docente na ESFLG,
Equipa da BE CRE

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