"Com a Revolução, não foi unicamente a Poesia que desceu à rua, como assegurava Vieira da Silva, num dos cartazes mais emblemáticos do período que se seguiu ao 25 de Abril de 1974.
Com o povo a deixar de ter medo de quem o escutava, às cidades, aldeias e campos de Portugal chegaram as mais variadas formas de arte, em muitos casos espontâneas, que procuravam expressar uma nova forma de viver. A maneira como se imaginava que, a partir do sucesso do Movimento das Forças Armadas, o futuro podia ser construído.
As artes plásticas foram das mais usadas. "A canção é uma arma" assegurava a letra de uma música de então.
Mas havia outras. Cartazes, murais ou mesmo graffitis, tornaram-se instrumentos a que partidos e todo o tipo de movimentos sociais e políticos deitaram a mão, inúmeras vezes, para transmitir as suas mensagens.
[...], surgiram soluções artísticas notáveis, brotando das mãos de figuras de proa e bem conhecidas, como Vieira da Silva, João Abel Manta e Augusto Cid, entre vários [...].
[...]
Fruto do seu tempo, o cartaz dos primórdios da Democracia, imitando modelos importados, copiando o que de bom e de menos bom havia sido produzido em várias catedrais da propaganda ideológica, mas, em muitos casos, fazendo também transparecer originalidade e cunhos bem peculiares da realidade portuguesa, foi uma genuína arte de rua, dotada de uma dimensão plástica, sociológica e política próprias.
O 25 de Abril também aqui deixou um legado."
Fernando Lima,
Director do DN Diário de Notícias em 2004,
in 25DEABRIL30ANOS100CARTAZES
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